CARDIOLOGISTA DA SANTA CASA ACONSELHA QUEM QUER PRATICAR ESPORTE A PASSAR POR CONSULTA PRÉVIA

A morte do jogador uruguaio Juan Manuel Izquierdo, de 27 anos, na noite desta terça-feira (27), chamou a atenção de médicos e esportistas para os riscos de problemas cardíacos em pessoas que praticam esporte de alto rendimento ou querem fazer atividade física apenas para manter a forma, independentemente da idade. O Dr. João Marcos Gomes, cardiologista e diretor clínico da Santa Casa, opinou sobre o que pode ter ocorrido com o atleta do Nacional do Uruguai e alertou para a importância de se procurar um cardiologista antes de fazer exercícios.

 

Para o Dr. João Marcos, o zagueiro teve uma parada cardiorrespiratória devido a uma arritmia cardíaca complexa, que já tinha sido diagnosticada há 10 anos, provavelmente por uma miocardiopatia hipertrófica assimétrica, doença do músculo cardíaco. “É muito possível que o diagnóstico realizado quando o Izquierdo tinha 17 anos comprovou o problema”, revelou.

 

O cardiologista considera fundamental que toda pessoa que faz atividade física passe por uma avaliação médica antes de começar. “O exercício físico é bom, deve ser feito mesmo, mas com a graduação adequada determinada pelo médico. A miocardiopatia hipertrófica assimétrica e outras doenças cardíacas andam juntas com a morte súbita, como foi o caso do atleta”.

 

Dr. João Marcos: “O exercício físico é bom, deve ser feito mesmo, mas com a graduação adequada determinada pelo médico. A miocardiopatia hipertrófica assimétrica e outras doenças cardíacas andam juntas com a morte súbita, como foi o caso do jogador Izquierdo”

 

Ainda segundo o médico, Izquierdo deve ter chegado ao hospital inconsciente e foi reanimado. A arritmia fez com que, dependendo do tempo em que foi reanimado e da volta do fluxo cerebral, houvesse o dano cerebral que acabou sendo irreversível, por falta de oxigenação no cérebro. “O coração entrou em falência e não bombeou sangue para o cérebro”, revelou.

 

Para ele, na parada cardiorrespiratória, dependendo do tempo de reanimação, o cérebro é comprometido e não regenera. “Houve no caso do jogador uruguaio uma cascata de eventos previsíveis. Se a recuperação do cérebro fosse rápida, a chance de haver sequelas seria zero. Já vimos casos na Santa Casa de Vinhedo em que o paciente teve problema parecido, mas com a volta rápida da oxigenação no cérebro ele se recuperou sem consequências”, completou.